Apuração do Business Insider com executivos da indústria de mídia e de Wall Street indica que a AT&T pode vender a CNN. De acordo com analistas ouvidos pela publicação, há 13 potenciais compradores.
A AT&T nega a intenção de vender a CNN. Mas, de acordo com a consulta do site, é provável que a operação aconteça.
A gigante das telecomunicações é atualmente o maior tomador não financeiro do mundo, com dívidas de US $ 159 bilhões no 3º trimestre 2020, de acordo com o relatório da empresa.
Os resultados financeiros (íntegra) d0 4º trimestre de 2020 também pressionam a companhia. O prejuízo operacional foi de US$ 10,7 bilhões contra US$ 5,3 bilhões no mesmo período de 2019.
As receitas consolidadas da AT&T totalizaram US$ 171,8 bilhões em 2020, contra $ 181,2 bilhões do ano anterior.
“A pandemia impactou as receitas em todas empresas, especialmente WarnerMedia e receitas de serviços wireless domésticos, que foram pressionados pelo menor roaming internacional. Declínios na WarnerMedia incluíram menor conteúdo e receitas de publicidade”, diz o relatório.
A AT&T afirma que o HBO Max é um de seus imperativos estratégicos, junto com o wireless e a banda larga. “Portanto, há uma especulação generalizada nos círculos financeiros da mídia de que a AT&T pode estar aberta à venda da unidade Turner da WarnerMedia, que abrange CNN, TBS e TNT”, afirma o Insider.
A CNN bateu recorde como a principal rede de notícias a cabo em janeiro, com um aumento de 153% no total de telespectadores em relação ao mesmo mês de 2019.
Teve 151 milhões de visitantes únicos multiplataforma em dezembro de 2020, classificando-se como o único meio de comunicação digital nos EUA com mais de 100 milhões de visitantes únicos multiplataforma.
Compradores
O Insider identificou 13 possíveis compradores para a CNN em consulta com especialistas do mercado e partes interessadas:
- ViacomCBS – a CEO do grupo, Shari Redstone, já demonstrou interesse na CNN. O conglomerado administra a CBS News e o CBSN, um canal de streaming que poderia se beneficiar de uma presença global. As estações da CBS também poderiam fornecer à CNN notícias locais;
- Discovery Communications – a empresa comandada por David Zaslav está expandindo seu interesse em notícias. Assumiu uma participação minoritária no canal britânico GB News, e sondou a emissora Euronews depois que a NBCUniversal vendeu sua participação;
- Comcast – a companhia já possui uma rede de notícias a cabo, MSNBC, e uma operação considerável de transmissão de notícias, a NBC News. Também administra a empresa de TV por assinatura Sky, que tem canais de notícias no Reino Unido e na Europa;
- Fox – Rupert Murdoch tentou comprar a Time Warner, mas não chegou a um acordo. A aquisição parece promissora, dada a queda na exibição de entretenimento tradicional na TV e o foco de Wall Street em streaming. A questão é se canais de notícias conservador e progressista poderiam coexistir na companhia;
- Disney – a empresa está expandindo seus negócios de streaming em todo o mundo, com as operações Disney +, Hulu + e ESPN +. Também oferece ABC News Live como parte de seu pacote. A companhia de Bob Iger pode se beneficiar da força internacional da CNN;
- John Martin – o ex-CFO da Time Warner está considerando formar uma SPAC (Sociedades de Aquisição de Propósito Específico) e mira toda a unidade Turner;
- Forest Road Acquisition Corp – a SPAC dirigida pelo ex-chefe de estratégia da Disney, Kevin Mayer, é citada como uma parte interessada em aquisições de grandes mídias;
- Michael Klein – o ex-executivo do Citi criou 7 SPACs, a última lançada em fevereiro, a Churchill Capital Corp IIV. Klein estaria interessado em adquirir uma participação na DirecTV, subsidiária da AT&T;
- Elliott Management – a empresa busca formar um SPAC e espera levantar US $ 1 bilhão para comprar um novo negócio. A Elliott Management adquiriu uma participação de US$ 3,2 bilhões na AT&T em 2019. A participação se esgotou, mas Elliott há muito está de olho na Time Warner;
- Liberty Media Acquisition Corporation – a companhia comandada por Greg Maffei, também está equipada para participar da corrida pela CNN;
- Amazon – a big tech deve participar da competição por fusões e aquisições. A empresa de Jeff Bezos já tem interesse por notícias e administra o Washington Post. Além disso, a CNN pode incentivar a produção de conteúdo da Amazon e aumentar o número de assinantes do Amazon Prime, o serviço de streaming da marca;
- MacKenzie Scott – a megafilantropa e ex-mulher de Jeff Bezzos demonstrou interesse na CNN depois da guerra da emissora com a administração de Donald Trump;
- Laurene Powell Jobs – a executiva que herdou participações na Disney de seu marido Steve Jobs já se interessou por negócios em mídia. Comprou participação na The Atlantic e investiu na Anonymous Content, produtora que fez o filme vencedor do Oscar “Spotlight”.
Jeff Zucker de saída
O presidente da CNN, Jeff Zucker, anunciou sua saída da empresa na última semana. Só ficará no cargo até o final de 2021.
O executivo com 30 anos de carreira ajudou a moldar a evolução das indústrias de notícias e entretenimento.
Foi nomeado produtor executivo da franquia matinal “Today” da NBC aos 26 anos e mudou-se rapidamente para os cargos executivos para liderar a divisão de entretenimento da rede. Aos 55 anos, em 2013, assumiu na CNN.
O pano de fundo de sua decisão de deixar a CNN passa pela aquisição em 2018 da Time Warner pela AT&T –acordo que o Departamento de Justiça sob a administração de Trump tentou bloquear.
De acordo com a CNN, depois da aquisição, colegas de Zucker em outras divisões da empresa de mídia foram substituídos ou optaram por sair.
“Fontes descreveram tensões ocasionais entre Zucker e a liderança da AT&T. Mas a gigante de wireless também protegeu a autonomia da CNN e defendeu firmemente a marca de notícias em meio aos ataques de Trump”, diz o texto da CNN.
Zucker falou a associados sobre suas dúvidas a respeito de Jason Kilar, o presidente-executivo da divisão de notícias e entretenimento da AT&T, WarnerMedia.
“A verdade é que, em novembro e dezembro, eu basicamente decidi que era hora de seguir em frente”, disse Jeff Zucker. “Mas, desde então, mudei de idéia. E quero ficar. Não para sempre, mas por mais um ano. E me sinto muito bem com essa decisão.”
CNN Brasil
A operação no Brasil está próxima de completar 1 ano. Foi ao ar oficialmente em 15 de março de 2020. O investimento na emissora foi estimado em R$ 700 milhões em 10 anos.
Os fundadores foram o empresário Rubens Menin, 63 anos, e Douglas Tavolaro, 42 anos. O canal tem sede em São Paulo e escritórios em Brasília e no Rio de Janeiro. A empresa não tem ligação direta com a AT&T. O uso da marca é licenciado junto ao grupo norte-americano.
Por: https://www.msn.com